terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mais um sonho poético realizado!!!


Lançamento do Livro: Traíra, de Carlos Oliveira 

O Projeto "Traíra" é mais uma prova que o sonho de publicar um livro pode ser viabilizado com o apoio do Poder Público através dos Editais de Cultura. Graças aos Editais do ProAC, este poeta de Ibitinga estreia no mundo dos livros sem precisar colocar um centavo do bolso. Na verdade, além de todos os custos da produção e da divulgação, o projeto ainda pagou pela elaboração final do texto, um verdadeiro luxo para um autor iniciante.
Já lancei dois livros com recursos próprios e sei da dureza que é bancar todas as etapas de uma produção e do quanto é difícil a reposição do tempo e dos recursos gastos com base nas vendas. O que quase sempre sobra desta aventura é o prazer impagável da conquista de leitores e a sensação de dever cumprido, não em relação ao mundo, mas a nós mesmo, pois todo escritor tem uma missão pessoal em relação ao seu trabalho.
Carlos Oliveira teve seu projeto TRAÍRA selecionado no Edital ProAC nº 32/2011 - PRIMEIRA PUBLICAÇÃO DE LIVRO, no ano de 2011 e recebeu um prêmio de R$10.000,00 para viabilizar a publicação de sua obra, um apoio que, segundo o próprio autor, antecipou a publicação de seu primeiro livro em vários anos.

Quem se interessar em adquirir o livro "Traíra" basta entrar em contato pelo imeio cultura@mozzambani.com.br ou usar o PAGSEGURO ao lado do blogue!


Livro: Traíra, de Luiz Mozzambani Neto


Quem se interessar na elaboração de projetos, acesse as postagens anteriores onde disponibilizo projetos selecionados para servirem de base para novos projetos.

Sobre o trabalho do Carlos Oliveira:

PREFÁCIO

            Em linguagem dilacerante os poemas de Traíra rompem o espaço da página com imagens sobrepostas que misturam cenas conhecidas às reconstruídas pelo eu lírico na tentativa de recompor uma realidade fragmentada. Ao retratar a condição de vida num mundo contemporâneo edificada sob a angústia diária para vencer o tempo – Cronos, o deus impiedoso que devora seus filhos – o eu lírico adota a perspectiva de quem não apenas sente essa dor, mas também é capaz de sintetizá-la na brevidade dos versos, das estrofes e das imagens que são construídas e destruídas umas após as outras.                                                                                                                     A fragilidade humana é exposta tanto no retrato do indivíduo que procura desafiar os milésimos de segundos entre a vida e a morte, como o trapezista solitário em sua atividade artística, quanto no confronto entre seres humanos em que a força de um deles prevalece pelo poder das armas. A tensão estabelecida entre a consciência da condição passageira do “ser” humano e seu confronto com o outro, com a natureza e consigo mesmo – ora o eu lírico parece aceitar com humildade, e não menos amargura, esse fato; ora tenta resistir a essa realidade, deixando transparecer o estado selvagem, de líder e rei de sua espécie como o leão – é cortada pela disposição lúdica das palavras na página, em poemas que brincam com o jogo dos significantes.                                   É dessa forma que a leitura de Traíra conduz o leitor a certa descida de tom, de ritmo, de sentido e, ao mesmo tempo, é capaz de reconduzi-lo ao espaço da palavra poética em liberdade, sugerida pela poética de Mallarmé. O autor mantém o diálogo com a tradição (ao retomar Rilke, por exemplo), recuperando visões do passado que tão bem se entrelaçam às representações do mundo moderno e ao pulsar de suas inquietações. Da exposição de sensações individuais à sensibilidade para traduzir visões coletivas em imagens vibrantes, os poemas de Traíra conduzem ao movimento incessante de dentro para fora ou de fora para dentro de seus versos, da arte e da vida. 




INTRODUÇÃO

            Para que serve a poesia? Não enche barriga, nem aumenta a serotonina. Não abarrota os bolsos de dinheiro, nem materializa meus objetos de desejo. Então, de que se vale essa coisa?  Num plano natural pode-se usar esses argumentos, mas, num plano humano a conversa é outra. Essa inconstância, esse paradoxo, esse beleza, essa fúria, essa incompreensão que nos rege, tudo isso e um pouco mais encontra acalento na boca suave, na boca suja, na boca voraz, na boca banguela da poesia. Só ela pode cantar os anseios, horrores, pequenez e grandiosidade da alma humana. Assim, por esse sopro vital é que se faz vida num esboço de barro. Canto com essa voz a presença humana na Terra. Não meço forças para servi-la. A arte é maior que a vida. A vida é pavio curto. A arte é grito que ecoa no tempo. Não só de pão e água vive o pensamento. É da argamassa sólida da poesia que se faz o encantamento. Esse é o meu labor, a matéria humana com qual trabalho, ponho a mão na massa sem preguiça. Esse trabalho não tem preço, não se mede facilmente, nem se quantifica. Como primitivos que representavam à vida nas paredes da caverna faço meus rabiscos no espaço branco do papel. Qual a serventia? Talvez um homo sapiens que escapou por um triz das garras de uma leoa faminta cante essa vitória em versos, e todas as suas gerações que sobrevivessem também cantariam em rimas a vitória sobre o nada, a vitória da vida, com poesia. 


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